As   plantas   podem   responder fisiologicamente   e   fenotipicamente a fatores   externos (BHANDAWAT et al., 2020). Perturbações mecânicas como o som, um tipo de onda mecânica longitudinal, podem afetar a vida das plantas, incluindo seu crescimento e desenvolvimento (YI et al., 2003; CHELAB et al., 2009). Sendo por toda a  biosfera,  todo  nicho  habitado  por  plantas está  rodeado  por vibrações produzidas por sons de origem biológica e/ou física (GHOSH et al., 2016). Dessa forma, estudos estão sendo realizados para averiguar a resposta das plantas às ondas sonoras a que estão submetidas. 

O histórico de estudos começou em 1962, com o Dr. T. C. Sigh (um botânico indiano), onde conduziu o primeiro experimento da reação das plantas à música em plantações de bálsamo na Índia. Obteve como resultado um aumento na taxa de florescimento em 20% e um aumento em 72% da biomassa em relação ao período em que não foram expostas ao sons. Seguindo a mesma lógica, nos anos 60, Eugene Canby (um engenheiro) começou a tocar sonatas de violino em suas plantações de trigo e como resultado notou um rendimento de 66% dessas plantas. 

Após esses estudos, o livro ‘’The Secret Life of Plants’’ foi publicado em 1973, escrito por Christopher Bird e Peter Tompkins. Nesse livro, Bird e Tompkins a partir dos estudos anteriores, sugeriram que as plantas possuem certo nível de consciência, e dessa forma, respondem a estímulos de forma inteligente, reagindo e crescendo rapidamente. Ainda no mesmo ano, Dorothy Retallack lançou o livro “The Sound of Music and Plants”, onde realizou experimentos relacionados aos diferentes tipos de música e seu consequente crescimento. 

Alguns anos depois, em 2004, na série de TV “Mythbusters”, testes foram realizados seguindo a mesma lógica dos estudos e experimentos realizados por Retallack em seu livro. Nele, cinco estufas foram colocadas nas mesmas condições climáticas e ficaram expostas a diferentes paisagens sonoras. Na I estufa, ficaram expostas à música clássica, na II ao Death Metal, na III à gravações de discursos negativos, na IV gravações de discursos positivos e na V não houve exposição de sons. Como resultado do experimento, a horta que escutou o estilo musical Death Metal apresentou um desenvolvimento mais saudável e cresceu mais, seguida pela estufa que ficou exposta à música clássica. A III e a IV estufa ficaram empatadas em terceiro lugar e a V por último. 

Em 2007 outro experimento foi realizado por pesquisadores sul-coreanos do Instituto Nacional de Agricultura Biotecnológica da Coreia do Sul em relação à estimulação da música no crescimento das plantas. O experimento consistia na exposição de plantações de arroz a 14 fragmentos de música clássica e o monitoramento da atividade genética. Nesse experimento, concluíram que os sons provocaram a reação de dois genes: o rbcS (sintetiza a subunidade menor da enzima RUBISCO) e o Ald (responsável pela síntese da enzima frutose-1,6-bifosfato aldolase). Essas enzimas participam do ciclo de Calvin-Benson, responsáveis pela fixação de CO2 e pela produção de carboidratos, com isso o aumento da síntese dessas enzimas pode gerar otimização da fixação de CO2.  Os motivos dessa reação não foram identificados, apenas gerando especulações de que as mudanças genéticas observadas ativam genes responsáveis pelo crescimento. 

Por fim, com esses experimentos e outros em andamento, conclui-se que o som gera um efeito, acelerando a germinação de sementes, contribuindo com a modificação da síntese de hormônios que regulam a fisiologia das plântulas. Entretanto, nota-se que no meio científico o conhecimento acerca dessa interação ainda é muito escasso, sendo necessário dar continuidade nos estudos já realizados ou a realização de novas pesquisas.